foto: vitoriasempre.net


Abel Sousa, Director do Desportivo de Guimarães, publicou esta na edição desta semana um artigo de opinião onde aborda os vergonhosos acontecimentos do último domingo, onde a direcção do Vitória, num acto de total falta de respeito, cobardia - uma vez que não fez qualquer aviso prévio - e de subserviência ao Benfica, abriu a topo sul aos mouros.

Um artigo de opinião elucidativo e com o qual corroboro por inteiro.

Desde que me lembro de ser gente, aprendi – e tenho um imenso orgulho nisso – a ser vitoriano puro. O vitoriano puro é aquele que nunca teve, não tem e nunca terá outro clube no seu coração que não o Vitória. É aquele que o serve, mais não seja contribuindo com o pagamento mensal das quotizações – o que faço quase há três décadas – e não aquele que se serve dele para cumprimento dos mais variados desígnios ou estratégias. Sei que, felizmente, há muitos vitorianos assim. Sei que, infelizmente, não são tantos como se pinta e como se julga... Desgraçadamente, o meu clube ainda está eivado de falsos vitorianos, que apregoam amores de conveniência e juras de fidelidade que fariam Judas corar de inveja.
O que me faz desabafar – é mesmo um desabafo de profunda consternação e revolta – é a vergonha a que assisti no domingo passado no D. Afonso Henriques.
Habituei-me, nos últimos anos, a sentir que o Estádio do meu clube era, provavelmente, o mais incómodo para os adeptos visitantes, porque se sentiam sempre em minoria. Os chamados grandes, e em especial o Benfica, cultivaram ao longo de décadas um espírito de imposição de subserviência, de esmagamento, de atrofi a aos clubes de média e pequena dimensão. Em Guimarães, criara-se, entretanto, uma excepção, ancorada num amor clubístico, numa militância
sem paralelo. Infelizmente, o que a Direcção que presentemente gere o meu clube decidiu no último domingo, foi passar por cima dessa conquista, desse orgulho dos indefectíveis adeptos vitorianos. Dos verdadeiros vitorianos. Tudo por um punhado de euros, em nome da subserviência, da bajulice. Triste. Demasiado triste. Misturar adeptos benfiquistas com os vitorianos no Topo Sul, foi uma ofensa, um ultraje. Foi, cumulativamente, brincar com o fogo. Quero imaginar como se sentiram os White Angels, colocados na Nascente num aparente
‘exercício de teste’, quando viram adeptos adversários sentados no seu lugar de
há muitos anos...
Não consigo perceber. Provavelmente serei ainda demasiado bairrista, gostarei em demasia de preservar a identidade do meu clube e dos meus consócios. Não estarei ainda preparado para enfrentar o mundo do futebol como sendo de conveniências, onde vivem confortavelmente, lado a lado, vendilhões do templo.
Tenho pena que os dirigentes do meu clube não tenham a mesma perspectiva. Não sei se em obediência ao protocolo ou a outra coisa qualquer, mas claramente não têm.
Espero, sinceramente, que um dia destes, quando chegar à Bancada Nascente, não tenha um benfiquista no meu lugar. Pela amostra do último domingo, parece já ter faltado mais...

Comments

1 Response to 'Por um punhado de euros'

  1. Anónimo
    http://aqui-nasceu-portugal.blogspot.com/2009/08/por-um-punhado-de-euros.html?showComment=1251208449741#c4264318736836988778'> 25 de agosto de 2009 às 14:54

    Totalmente de acordo. Excelente texto. Sintetiza tudo aquilo que penso. Parabéns.

     

Enviar um comentário